quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Transição

Aquele cheiro forte de terra molhada, tanto me faz recordar de situações da minha vida. Quando criança, presa no apartamento querendo loucamente ser libertada e correr pela chuva. Quando jovem, no chão da faculdade esperando a chuva passar ou mesmo ilhada em um prédio curtindo ver as gostas caírem.

Quanto tempo eu não vejo a chuva cair, melhor, quanto tempo eu não curto a chuva cair. Onde foi parar o tempo ocioso? Aquele que realmente eu nunca tive, mas sempre podia apreciar.

Aprender a lidar com perdas, essa deveria ser a marca da vida adulta. Não simplesmente ganhar dinheiro ou ter um emprego fixo com carteira assinada junto com muita burocracias. Você tem que aprender a perder a vida de festas, badalações e bebedeiras para dar lugar a trabalhar conscientemente e guardar dinheiro. Não digo que adultos param de viver, eles só ponderam! Também se aprende a se desprender de certos valores, ou melhor de conceitos, e passar por cima de algumas ideologias que se tinha antes; isso para se alcançar o objetivo maior que é o sucesso profissional.

Um adulto também sente a obrigação de ter que lidar com as perdas. Contudo, isso é mentira! Ninguém aprende a lidar isso, nós usamos os anos de experiência para lapidar e mascarar a dor que sentimos para enganar os outros e mostrar seriedade. Bobagem! Ninguém é classificado realmente de adulto só por ter se tornado frio e distante. Um adulto é um conjunto de características, então por que as pessoas dão tanta importância em se esconder nesses estereótipos impostos?

A partir de agora posso chegar a ser julgada e tachada por muitos de mentirosa ou falsa, mas eu tento ser um adulto diferente desse padrão! Não preciso provar para ninguém que vivo nesse grupo basicamente economicamente ativo. Não é porque eu choro, brinco ou mesmo me visto parecendo um adolescente (ou até aparentar fisicamente) que não tenho seriedade, postura e capacidade de resolver problemas ou de enfrentar o mundo competitivo!

Disso que surge a parte que poderia ser mentirosa... Eu não consigo lidar, queria voltar ao meu casulo e me sentir blindada de qualquer tipo de sentimento, dor ou sofrimento! Seria mais fácil! Ser criança era mais fácil! Mas não era tão legal....

Essa união é que consegue ser impossível, o fácil e o bom raramente andam juntos. Ou alguém tem a capacidade de dizer que a melhor experiência de sua vida foi facilmente conquistada? Não existe prazer melhor do que o da conquista de algo que era impossível.

Por agora, acredito que preferiria viver a facilidade. Para desgastar menos meu ser e aproveitar mais. Não digo que cansei da vida adulta, jamais cansarei! Só queria poder voltar no tempo por uns instantes e reviver as coisas pequenas da vida. Porque elas só eram realmente apreciadas e se tinha a possibilidade de viver quando criança. Adulto pensa alto, pensa grande e quer o inalcançável! Adulto esconde, sofre e paga........

Eu só quero poder sentirvem paz...

3 comentários:

  1. Eu vivi esse dilema da ascenção à "vida adulta" muito precocemente. Comecei a trabalhar aos 16 anos por escolha própria e sempre fui visto como o "estagiário disfarçado". Após 3 anos assumi o cargo de coordenação da área onde estava e fui absolutamente discriminado pela aparência incomum (cabelos longos, brincos e a insistente mania de não me vestir socialmente).
    Infelizmente esse padrão "cinza" que todo mundo impõe à vida adulta contamina a cultura em que vivemos e qualquer comportamento alheio à ele é visto como infantil, imaturo.
    Acho totalmente saudável e interessante lutar contra. Falo isso sentado numa sala com mais 5 pessoas nos seus vestidos, camisas sociais e sapatos caríssimos, enquanto meu nike sujo, jeans e camiseta.

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  2. As vezes a diferença entre o adulto e a criança é apenas o grau de responsabilidade. Mesmas atitudes, mesmas vontades.

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  3. O Pato tá certo, e muito.
    Mesmo sabendo que as separações fazem parte das nossas vidas, dos nossos ciclos de vida, é complicado lidar bem com esse sentimento, mas olhe, não estar só nessa, todos tivemos pessoas que se foram- e são- importantes, mas que partiram. os relacionamentos tem data para terminar, sej ainda vivo ou no leito, por isso, é necessário algum mecanismo de proteção, taí: como?

    bem, saudade. bjos.

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