sexta-feira, 6 de maio de 2011

Análise de Mágico de Oz (artística)

“ Por quase 40 anos esta história serviu aos Jovens de Coração e o Tempo foi incapaz de colocar fora de moda sua filosofia.
Como recompensa àqueles dentre vocês que têm sido fiéis a ela... E aos Jovens de Coração.. Dedicamos esse filme!”
A escolha da frase de abertura para essa análise foi retirada da cena inicial do filme, ela representa o mundo de fantasia e magia que o filme irá apresentar. É complicado praticamente fazer a decupagem de um filme que foi presente na infância de muitas pessoas especialmente a minha. Essa era a impressão, porém, na verdade, observar três pontos que são muito presentes nesse filme e que interagem (os contrastes de cores com figurinos e cenários) só fez essa paixão aumentar.
O primeiro passo é a grande diferenciação do mundo real e do imaginário, no caso sonho ou pesadelo, através das cores. Deixa explícito o quão quadrado e sério é o mundo real quando colocado sob as películas antigas, deixando num tom de preto e branco quase sépia. Já o mundo dos sonhos é exageradamente colorido, não chega a ser forçado nem destoante, só mostra o quão bonito e fácil é sonhar. Ou melhor, como há a liberdade quando se sonha e até mesmo quando se tem pesadelos.
O mundo colorido (que é as terras de Oz) é repleto de cores, muitos tons claro e escuros, cores frias e quentes e é brilhante. Mas nunca eles destoam ou se destacam demasiadamente. As representações chegam a ser harmônicas, como a música, até trazem musicalidade. Combinando muito com a leveza das composições musicais do filme.
Nas terras de Oz, tudo é representado, nada que é utilizado é real. Isso leva até as árvores serem feitas para o cenário, especialmente por elas ganharem vida e representações humanas como muitos outros personagens. Isso reforça o motivo de ser um mundo imaginário, local onde tudo pode acontecer, onde o irreal e o impossível podem transitar livremente e sem restrições.
Neste ponto, há outro contraste. Kansas, no mundo real, é totalmente representada por objetos reais, um cenário que parece ter sido de locação em locais abertos, para não parecer que foi montado em um estúdio. Aproximando e reforçando mais a ideia de realidade.
Voltando mais ao ponto dos figurinos. Eles são complementares aos personagens, compõem as personalidades deles e as caracterizações. Para alguns, traz até o cunho caricatural. 
Como um homem de lata todo em prata e de lata,  mas feito de formas abaloadas e  face somente com maquiagem para poder colocar as expressões e sentimentos dele, já que o objetivo dele é um coração para poder ter sentimentos. 
Como um espantalho que toda sua roupa rasgada e com partes saindo para expressar atrapalhado. Como ele quer um cérebro, caricaturaram ele como aqueles personagens de comédia que são trapalhões parecendo meio bobo e desastrado.
As cores também estão presentes no figurino e cenário, como utilização de verde na cidade de esmeralda e tudo do castelo do Mágico ser verde, em variados tons. Há uma alegoria de superstição das pessoas por essa cor representa resperança, que era tudo que os 4 viajantes (Dorothy, espatalha, homem de lata e leão) tinham.
Em oposição a esperança tem o castelo da bruxa e as personagens dele, é parte do pesadelo da história. As cores escuras como: preto, cinza, vermelho e azul escuros estão representando o sombrio, o que traz medo. Especialmente vendo a composição do castelo que é todo em cinza e poucos tons dele, praticamente. Enquanto o resto dos locais tem inúmeras variações de da mesma cor, como o castelo do Mágico de Oz ou mesmo várias cores misturadas como a primeira cena de Dorothy quando chega a Oz (a terra dos Munchkins).
Dessa forma, o filme não utilizou só de bons atores com suas interpretações fabulosas, um bom roteiro e diretor e dinheiro para o bancar. Todo o trabalho de imagem, figurino e montagem do cenário foi essencial para transformar esse filme memorável. Sem eles, o significado dele não seria completo e tão bem trabalhado.