quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tema: O medo, a infelicidade, o sofrimento e a tragédia no cinema

Quando se pensa em sofrimento e medo a primeira forma de representação que surge à cabeça são os filmes do gênero terror. Famosos por dar susto e fazer viver ou criar medos nas cabeças do público, os filmes de terror sempre foram os recomendados para quem queria aguçar seus instintos. Com esse objetivo é que foi assistido o filme “ O último exorcismo”. Contudo, no mesmo dia, foi assistido o drama “Comer, rezar e amar” com o objetivo de puro entreterimento.
Após assistir aos dois filmes uma questão ficou no ar: o que aconteceu com os filmes de terror? Isso é dito devido a sentir mais angústia, medo e desespero no filme que era para ser considerado um drama. Isso porque o drama foi mais carregado de informações.
Isso trouxe o pensamento que talvez hoje em dia o que nos traz mais medo e instiga nossos instintos são revelações dos nossos conflitos e problemas internos. Que ninguém mais acredita em se assustar com simples aparições de seres sobrenaturais ou mesmo os psicopatas já estão com o perfil muito cliché. Não adianta mais querer nos fazer acreditar que uma sequência de imagens editadas repletas de ótimas maquiagens e sons ditos assustadores podem fazer o público sair da sala de cinema e ficar pensando durante horas nos seres mirabolantes que assistiu. Enquanto o que realmente assusta são cenas que mostram pessoas mudando a vida e a aproveitando.
Por que existe essa mudança?
Porque hoje, estamos muito mais preparados e saturados de informações sobre o mundo sobrenatural e sobre a existência de maldade no mundo. Já sabemos o quanto as pessoas podem ser más e convivemos pacificamente (ou não) com isso. Porém, ninguém gosta de acreditar que um outro teve coragem suficiente de admitir que o pacote “tenha uma vida feliz em 3 passos” (trabalho + casamento + filhos) pode não funcionar. É amedrontador acreditar que pode ter os mesmos pensamentos que levaram a mudança do personagem. O fracasso realmente assusta!
Dessa forma, é de se acreditar que houve uma inversão nos valores do que realmente pode gerar medo e sofrimento. Acreditar que a tristeza ou a infelicidade podem te alcançar a qualquer momento é perigo que ocorrem na vida urbana. A falta de segurança, especialmente nos três passos mencionados, é muito mais ameaçadora que um fantasma em uma tela de cinema com sonoplastia preparada para a cena.
Por fim, o medo de ficar só combinado com de ser socialmente denegrido que nos faz correr de filmes que conseguem brincar com os sentimentos envolvidos. Correr muito mais facilmente que de um “buuuu” expresso na tela. Isso faz com que os filmes de terror sejam banalizados e sempre se tente criar novas versões e tentativas de reativar o medo que antes era facilmente atingido. O grande problema é o fato de estarmos menos suscetíveis a essas experiências tão fora da realidade e mais abertos a casos/dramas urbanos que vivem pela gente o que não temos coragem de admitir que desejamos. 

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